segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Gravidez Gemelar (HCTV SP) - maio 2009



HCTV, São Paulo - Gestações de gêmeos são muitas vezes sinônimo de prematuridade: metade dos bebês gêmeos nascem com menos semanas do que o ideal, abaixo do peso esperado. Com o índice deste tipo de gravidez aumentando em 25% nos últimos anos no Brasil, sobem também as estatísticas de complicações para mães e bebês em gestações gemelares. Para tentar diminuir esses números, o Hospital das Clínicas da FMUSP está desenvolvendo uma pesquisa inovadora com uso de medicação à base de progesterona.

----------------------------------------------------------------------------------

Um porcento. Esta é a chance de uma mulher ter, em condições normais, uma gestação de gêmeos, também chamada de gravidez gemelar. Bebês univitelinos, quando um único óvulo fecundado se divide e gera duas crianças idênticas, são ainda mais raros. Imagine então como Tatiana ficou ao saber que esperava gêmeos idênticos?


É super bonito. Super diferente. O bom é que você já tem os dois filhos, né? Que isso já é o máximo, né? Que eu quero ter dois, conta a professora Tatiana Ianetta Luiz, paciente do HC-FMUSP. O caso de Tatiana é de uma gravidez gemelar espontânea. Mas o desenvolvimento das técnicas de reprodução assistida nas últimas duas décadas fez aumentar em até 25% os casos de gravidez de gêmeos no Brasil. O que muitos não sabem é que 50% dos gêmeos nascem prematuros, o que envolve mais riscos para mãe e filhos.

A gravidez gemelar é uma gestação considerada de risco. Ela tem riscos aumentados tanto para a mãe, que pode vir a ter algumas complicações como hipertensão e sangramento, quanto para as crianças que estão sendo geradas.

A principal complicação é a prematuridade que chega a acometer metade dos casos de gestação gemelar, esclarece Adolfo Liao, obstetra especialista em Medicina Fetal do HC-FMUSP.

Há um ano, a equipe de medicina fetal do hospital das clínicas vem realizando um estudo com mulheres no início do segundo trimestre de gravidez de gêmeos. As pacientes, selecionadas aleatoriamente, recebem uma medicação à base de progesterona o hormônio mantenedor da gravidez, que oferece nutrição para o bebê e inibe a contração uterina.

A idéia é descobrir se o hormônio, que já mostrou ser eficiente em gestações únicas de alto risco, também funciona para as de gemelares. Se tem algum tipo de benefício em relação ao parto prematuro ainda não foi demonstrado. Por isso, estamos conduzindo este estudo.

Existem estudos na Dinamarca sobre isso, mas o resultados ainda não foram divulgados, explica Maria Brizot, obstetra, chefe do setor de gestação múltipla do HC-FMUSP.

Hoje já foram computadas 150 grávidas participantes do estudo. A expectativa é de conclusão da pesquisa em 2011 com 420 casos monitorados. Enquanto os benefícios da progesterona não são comprovados, fica a dica do médico.

Como em qualquer outra gestação, é fundamental o acompanhamento médico. A mulher deve buscar atendimento pré-natal, em um periodo mais precoce, principalmente na gestação gemelar, para que se possa fazer o diagnóstico de eventuais doenças ou ameaça de aborto. Além do acompanhamento médico, recomenda-se repouso físico durante a gravidez, conclui Adolfo Liao, obstetra especialista em Medicina Fetal do HC-FMUSP.



Reportagem: Nathália Kahwage

Nenhum comentário:

Postar um comentário